Agreste-Suape

Pelo atual traçado, a Transnordestina em Pernambuco começa desde o Alto Sertão até chegar a Arcoverde, então última cidade sertaneja. Dalí, a nova linha atinge o Agreste, a partir da cidade de Pesqueira. Até aí, o leito é o mesmo da antiga Rede Ferroviária do Nordeste-RFN. Então, em novíssimo trecho, demandará Belém de Maria, na zona da Mata-Sul pernambucana, depois de ter passado por Agrestina, cidade próxima a Caruaru. De Belém, a Transnordestina incorpora-se tanto para atender a ligação ferroviária do Nordeste com o Centro-Sul/Sudeste quanto na ligação com o nosso Complexo Porto-Industrial de SUAPE, no litoral. Tudo isto é formidável. Além de atravessar todo o solo pernambucano, a ligação ferroviária origina-se no Piauí, com bifurcação para o Ceará, até chegar ao nosso eldorado.
Roubo uma idéia que vem sendo defendida por Luiz Otávio Cavalcanti, ex-Secretário Estadual de Planejamento e da Fazenda. Mais uma vez exposta. Em recente artigo publicado na revista Algo Mais. Pode-se divergir das suas propostas, mas não da sua competência. Luiz Otávio concebeu um projeto que ouso endossá-lo. Ligar por rodovia, todo o Agreste Central e Setentrional a Suape. Entende ele que a demanda de cargas desta região deveria passar pela BR-232 e a partir de Gravatá, a região seria ligada ao Porto de Suape, objetivo maior dos nordestinos de cá.
Além de possibilitar a criação de um Eixo de Serviços em Gravatá.
Ora, acrescento eu, por que não seguir o leito do rio Ipojuca?
Por que não seguir a natureza?
De Gravatá, o vale formado pelo curso do rio Ipojuca passa por Chã Grande, que se limita com Pombos, e segue Amaragi, Escada até Ipojuca, local de sua foz. A rodovia obedeceria a um trecho em que o rio seria sempre a referência. Evita-se a Serra das Russas por exigir custos muito mais onerosos, diminuindo a extensão em quilômetros e aproveitando-se a atual rodovia Gravatá-Amaragi que passa por Chã-Grande. Esta precisaria ser requalificada e repaginada em todo o seu trecho.
Aquelas cargas que demandassem Caruaru, incluindo a região de Campina Grande - PB poderiam ser atendidas através da estação ferroviária, em construção, em Agrestina ou optar pela nova rodovia Gravatá-Suape. É bom lembrar que não só a opção ferroviária deverá ser o transporte. Em que pese a sua prioridade, não deve ser única. Devido aos custos dos fretes. Haveria sempre a alternativa pelo transporte rodoviário. Além de incorporar toda a região de Caruaru a Gravatá e dos municípios liderados por Limoeiro e Surubim, uma boa parte do agreste do Estado da Paraíba e até do Rio Grande do Norte. É só verificar o mapa. A questão é geográfica. Incontestável.
Esta tese vem, exatamente, ajudar o meu propósito de transformar Gravatá, em um pólo regional que poderá agregar diversos municípios, com razões fundamentadas a partir da sua localização. Um município encravado em uma zona de transição entre o Agreste e a Zona da Mata. Entre a Mata Branca (Caatinga) e a Mata Verde (Atlântica). Para esta consolidação, no entanto, as estradas vicinais como Gravatá-Barra de Guabiraba e Gravatá-Limoeiro, serão decisivas para alimentar a já existente BR-232, com a sonhada ligação Gravatá até Suape.
Sendo implantada, esta nova malha rodoviária, com a construção de todos os trechos aqui sugeridos, a viabilidade do pólo regional de Gravatá tornar-se-ia irreversível, tamanha a sua dinâmica.
Como, de fato, não haverá mais ligação ferroviária de Gravatá com os municípios vizinhos, caso de Vitória de Santo Antão e Bezerros (não acredito no eventual trem-leve Recife-Caruaru), a cidade ficaria apenas com um trecho para exploração turística, entre o seu distrito Russinha, em pleno planalto da Borborema até o centro. Este percurso é conhecido pelos seus 14 túneis e viadutos onde se pratica o turismo de rapel. As escaladas e aventuras acontecem com frequência. É hora do antigo projeto sair da gaveta, aproveitando a velha ferrovia para atrações turísticas que a Serra Russas oferece.

*Atual Secretário de Turismo de Gravatá. frupel@uol.com.br
 
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